Case: Justiça obriga plano de saúde a realizar cirurgia de substituição de válvula do coração a paciente com risco de morte

Leitura: 9 min

Atualizado: 07/01/2025
negativa de cirurgia de substituição de válvula do coração

Quando um paciente com grave problema cardíaco precisou de uma cirurgia de substituição de válvula do coração para evitar o risco de morte, seu plano de saúde negou o procedimento e os materiais necessários.

Este caso emblemático foi revertido judicialmente, estabelecendo um importante precedente para pacientes enfrentando negativas semelhantes.

A decisão proferida pela 14ª Vara Cível da Comarca de Natal reforça o direito dos consumidores e evidencia a abusividade de cláusulas contratuais quando trata de negativa de cirurgia valvar.

Se você já passou por uma situação parecida, continue lendo para entender os detalhes desta decisão judicial e como ela pode ser uma referência importante.

Cirurgia de substituição de válvula do coração: entenda o caso

O que é a cirurgia de substituição de válvula do coração?

substituição de válvula do coração
Representação da substituição da válvula do coração.

A cirurgia de substituição de válvula do coração, ou cirurgia valvar, é um procedimento cirúrgico complexo que consiste na substituição da válvula cardíaca defeituosa por uma nova, que pode ser biológica (geralmente de tecido animal) ou mecânica (feita de metal ou outros materiais duráveis).

A cirurgia é realizada por meio de abertura do tórax e utilização de uma máquina de circulação extracorpórea, que mantém o sangue oxigenado enquanto o coração é temporariamente interrompido.

O cirurgião remove a valva danificada, posiciona a nova valva no local e sutura cuidadosamente para garantir o funcionamento correto.

Este procedimento é essencial para restaurar a circulação sanguínea adequada e prevenir complicações fatais.

A condição de saúde do paciente: risco de morte

Um paciente, titular do plano de saúde oferecido pela UNIMED NATAL, encontrava-se em uma situação de extrema gravidade devido a uma condição cardíaca complexa, considerando que é portador de uma cardiopatia congênita que compromete a válvula aórtica, já tendo passado por 2 cirurgias cardíacas complexas ao longo de sua vida.

O paciente dependia de um marca-passo e enfrentava limitações severas causadas pelo desgaste de uma válvula biológica, que precisa ser urgentemente substituída.

Seu médico assistente atestou que o risco de morte súbita era iminente caso a cirurgia de substituição valvar não fosse realizada.

Essa cirurgia envolvia o uso de materiais específicos, como cânulas, reservatórios e uma nova válvula, indispensáveis para o sucesso do procedimento.

Apesar de estar em dia com suas obrigações contratuais, o plano de saúde autorizou parcialmente a cirurgia, mas com negativa de diversos materiais essenciais a autorização para o procedimento, alegando limitações contratuais, equivalendo, na prática, a uma negativa da própria cirurgia.

Essa negativa, sem justificativa razoável, levou o paciente a buscar na Justiça a garantia do seu direito à saúde e à vida, essencial para reaver parte da qualidade de vida e proporcionar segurança à sua família.

Entenda a decisão judicial que obrigou o plano de saúde a realizar a cirurgia cardíaca e a custear todos os materiais necessários

O juiz reconheceu a urgência do caso, afirmando que a recusa do plano de saúde colocava o paciente em risco iminente de morte, trazendo entendimento detalhado sobre a gravidade da situação e os direitos do paciente:

  • Abusividade da negativa: O juiz considerou que a cláusula do plano de saúde que restringia o custeio dos materiais necessários para a cirurgia era abusiva, contrariando o Código de Defesa do Consumidor e a Lei de Planos de Saúde. Ele destacou que tais cláusulas violam a boa-fé contratual e comprometem o direito à saúde do paciente.
  • Autoridade médica: A decisão reforçou que apenas o médico responsável, que acompanha diretamente o caso, possui a autoridade necessária para definir o tratamento adequado. Interferências por parte do plano de saúde foram consideradas inaceitáveis pela justiça e prejudiciais ao bem-estar do paciente.
  • Multa e urgência: Dada a gravidade do quadro clínico do paciente, o magistrado estabeleceu uma multa diária de R$ 10.000,00 para garantir o cumprimento imediato da decisão. Essa medida visou evitar atrasos que poderiam colocar em risco a vida do paciente.

Além disso, o juiz citou precedentes do STJ que reafirmam a obrigatoriedade de custeio integral em casos semelhantes, fortalecendo a posição de que o acesso ao tratamento não pode ser condicionado a cláusulas restritivas abusivas.

O impacto dessa decisão para outros pacientes cardíacos

Essa decisão judicial não apenas resolve o caso específico, mas também consolida um entendimento jurídico que pode influenciar profundamente situações semelhantes.

Ao estabelecer que a negativa de cirurgia valvar, especialmente em condições emergenciais, é abusiva, a Justiça cria mais um precedente de peso contra práticas contratuais que limitam o direito à saúde.

Além disso, essa decisão reafirma a autoridade médica como elemento central no tratamento do paciente, garantindo que o plano de saúde não interfira indevidamente nas recomendações clínicas.

O impacto vai além do caso individual: cria uma base sólida para que outros pacientes enfrentem negativas semelhantes com maior segurança jurídica.

Mais do que encorajar pacientes a buscar seus direitos, a decisão alerta as operadoras de saúde sobre as consequências jurídicas de práticas abusivas, promovendo maior responsabilidade e compromisso com a saúde de seus beneficiários. Por fim, ela reforça a mensagem de que ações judiciais podem ser decisivas para garantir o acesso a tratamentos que salvam vidas.

Como proceder em casos de negativa de cirurgia cardíaca ou tratamento

negativa de cirurgia cardíaca
Representação do usuário do plano de saúde recebendo a negativa da cirurgia valvar.

Se você ou alguém que conhece enfrenta uma negativa de cobertura de cirurgia ou tratamento cardíaco por parte do plano de saúde, é fundamental agir com determinação e conhecimento:

  1. Solicite justificativa formal da negativa: Exija que a operadora do plano de saúde forneça, por escrito, as razões detalhadas para a recusa do procedimento. Este documento deve incluir a fundamentação técnica e contratual para a decisão, e sua ausência pode ser usada como prova de má conduta da empresa.
  2. Reúna todos os documentos médicos: Organize laudos médicos, exames, relatórios clínicos e solicitações emitidas pelo médico responsável. Certifique-se de que os documentos apontem claramente a urgência e a gravidade do caso, assim como a recomendação específica do tratamento negado.
  3. Consulte um advogado especializado: Um advogado especialista em saúde pode avaliar a legalidade da negativa e indicar o melhor caminho a seguir. Ele também pode redigir notificações extrajudiciais para pressionar o plano de saúde ou dar entrada em uma ação judicial, caso necessário.
  4. Aja rapidamente em casos de urgência: Em situações de risco iminente de morte ou agravamento de saúde, o advogado deve protocolar uma ação com pedido de tutela antecipada (liminar). Essa medida judicial visa garantir o tratamento de forma imediata, antes mesmo do julgamento final do caso.
  5. Documente todas as comunicações: Mantenha um registro de todas as interações com o plano de saúde, incluindo e-mails, mensagens e telefonemas. Esses registros podem ser cruciais para fortalecer sua argumentação jurídica.

Contar com um advogado experiente e tomar ações rápidas e organizadas pode ser decisivo para assegurar seus direitos e garantir o acesso ao tratamento necessário.

Demora muito para sair uma decisão judicial para conseguir a autorização da cirurgia cardíaca?

O tempo para a obtenção de uma decisão judicial para autorização da cirurgia cardíaca pode variar significativamente, dependendo de fatores como a urgência do caso, a organização do tribunal e a forma como a petição inicial é elaborada.

Em casos urgentes, o advogado deve sempre solicitar uma tutela de urgência antecipada (liminar), que pode ser concedida em poucos dias ou semanas.

Essa decisão provisória busca atender à necessidade imediata do paciente, enquanto o processo principal, que pode levar meses ou anos, segue em andamento.

Documentação detalhada, comprovação do risco à saúde e a atuação de um advogado especializado em direito à saúde são cruciais para agilizar o processo.

A importância de contar com um advogado especialista em direito à saúde

A Justiça desempenha um papel indispensável na garantia do direito à saúde, especialmente quando operadoras de planos de saúde negam tratamentos que podem salvar vidas.

Decisões como a analisada reforçam a necessidade de um acompanhamento jurídico especializado, evidenciando como um advogado experiente em Direito à Saúde pode ser um pilar essencial na defesa dos pacientes, considerando que vai além da simples defesa jurídica: é a chave para garantir acesso a tratamentos essenciais e para agilizar decisões que podem salvar vidas.

Um advogado com expertise no direito à saúde compreende as complexidades da legislação de saúde, incluindo o Código de Defesa do Consumidor e a Lei de Planos de Saúde, e sabe estruturar argumentos convincentes, respaldados por jurisprudências e precedentes judiciais.

Além disso, a estrutura de um escritório de advocacia especializado é vital: equipes dedicadas realizam diligências frequentes, despachos com juízes e acompanham cada detalhe do processo para assegurar que os prazos sejam cumpridos e que decisões liminares sejam obtidas de forma célere.

A organização documental, incluindo laudos médicos e provas da negativa do plano de saúde, é tratada com prioridade e rigor para demonstrar a urgência e a gravidade do caso.

Esse conjunto de habilidades e infraestrutura transforma o advogado em um verdadeiro aliado, capaz de transformar situações adversas em vitórias que salvam vidas e garantem direitos.

Considerações finais

Este caso emblemático reflete a complexidade e a urgência de situações em que vidas podem ser colocadas em risco devido à negativa de tratamentos essenciais pelos planos de saúde.

Ao longo deste artigo, exploramos não apenas os aspectos técnicos e jurídicos do caso, mas também a importância de agir de forma rápida e estratégica para garantir os direitos do paciente.

Decisões judiciais como essa não apenas protegem os indivíduos diretamente envolvidos, mas também estabelecem precedentes fundamentais para outros pacientes que enfrentam negativas semelhantes. Elas reforçam a autoridade do médico no processo terapêutico, a aplicabilidade rigorosa do Código de Defesa do Consumidor e da Lei de Planos de Saúde, e a necessidade de respostas céleres por parte do sistema judicial.

Por outro lado, este caso destaca a relevância do papel de advogados especializados em Direito à Saúde, que são cruciais para interpretar as nuances da legislação e estruturar argumentos sólidos que assegurem o acesso ao tratamento.

Contar com esse suporte não é apenas uma escolha estratégica, mas uma garantia de que o processo será conduzido com a eficiência e o impacto necessários.

Se você ou alguém próximo está enfrentando uma negativa de cirurgia cardíaca ou tratamento essencial, é vital conhecer seus direitos e buscar suporte qualificado.

O caso conta com atuação do Duarte e Almeida Advogados.

Q: Quem pode ser responsabilizado caso o plano de saúde descumpra a decisão judicial de realizar a cirurgia valvar?

A: O plano de saúde pode ser responsabilizado legalmente e estar sujeito a multas e outras penalidades caso descumpra a decisão judicial de realizar a cirurgia valvar para o paciente com risco de morte.

Existe um prazo para que a cirurgia valvar seja realizada após a decisão da justiça?

Sim, a justiça geralmente determina um prazo para que a cirurgia valvar seja realizada pelo plano de saúde, garantindo a rapidez no atendimento ao paciente, ainda mais se for caso de urgência. Um escritório de advocacia especializado em direito à saúde com uma boa estrutura tem condições de diligenciar e fazer com que a decisão judicial seja cumprida com a maior brevidade possível.

Quem pode ser responsabilizado caso o plano de saúde descumpra a decisão judicial de realizar a cirurgia valvar?

Se o plano de saúde descumprir uma decisão judicial, a operadora será a principal responsável, sujeitando-se a penalidades como multas diárias (astreintes), execução forçada e indenização por danos morais e materiais. Além disso, diretores ou gestores podem responder por desobediência judicial, com possibilidade de enfrentar ações individuais por má-fé ou negligência em casos graves. O advogado do paciente também pode solicitar medidas adicionais, como reforço da multa, bloqueio de ativos da empresa ou sanções administrativas junto à ANS.

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